sábado, 8 de março de 2014

Um pouco da Educação daqueles que “Escutam com os Olhos e falam com as Mãos”
Marinete Magalhães de O. da C. Jorge


  Pesquisas apontam que pessoas com surdez submetidas há vários anos na educação regular sem as mínimas práticas pedagógicas adequadas de inclusão apresentam um baixo desempenho em relação aos alunos ouvintes, apesar do desenvolvimento cognitivo ser semelhante. Devendo-se ao desvio do foco da atenção dos profissionais das escolas para o problema da língua em si praticada por essas pessoas, bem como da inadequação do sistema de ensino e uma má qualidade e ineficiência das práticas pedagógicas. O que revela a urgência de medidas que favoreçam o desenvolvimento pleno das pessoas com surdez nas escolas regulares. De acordo com Damázio, (2010).

 [...] A pessoa com surdez possui perda sensorial auditiva, o que a limita biologicamente para a função de ouvir, mas por outro lado, dispõe de toda uma potencialidade do corpo biológico humano e da mente que canalizam e integram os outros processos perceptuais, tornando essas pessoas capazes, como ser de consciência, pensamento e linguagem. [...]
                                                                                   

     Para a mesma autora, a visão desfocada do real problema da educação dessas pessoas, se deve ao fato de ter-se considerado como prioritária uma proposta de trabalho voltada ao ensino focado no uso de uma ou de outra língua, junto às pessoas com surdez o que contribuiu para separação de um grupo do outro (ouvintes e falantes), consequentemente contribuindo para não inclusão destas. É com o sentido de descentramento identitário que concebemos a pessoa com surdez como ser biopsicossocial, cognitivo, cultural, não somente na constituição de sua subjetividade, mas também na forma de aquisição e produção de conhecimento.  (DAMÁZIO 2010).
       Contudo, a inclusão escolar não ocorre ainda da forma como deveria, principalmente, nas escolas carentes de materiais e profissionais qualificados. Observamos, com base nos estudos atuais sobre a inclusão das pessoas com surdez, que para proporcionar adequadamente a inclusão destas, os professores devem contemplar mais que uma língua, mas contribuir com ações transformadoras no sentido de garantir a pessoa com surdez a educação bilíngüe. Com base no Decreto 5.626, de 5 de dezembro de 2005, já que a consolidação da inclusão para pessoas com surdez tem como tendência, além da prática da educação bilíngue voltada a abordagem para a educação linguística da pessoa com surdez, favorece o deslocamento do olhar especificamente lingüístico para outros entornos: a Libras e a Língua portuguesa, conforme Damázio .

 [...] Mais ainda reconhecer que devemos ir além da língua. As pessoas com surdez precisam de ambientes educacionais estimuladores, que desafiem o pensamento e exercitem a capacidade perceptivo-cognitiva, que as escolas se transformem em ambientesde descobertas criativas no sentido de buscar soluções, visando manter os diversos alunosno espaço escolar, levando-os a obtenção de resultados satisfatórios em seu desempenho acadêmico e social. [...], Damázio (2007).


         Dessa forma, a atenção deve estar centrada, primeiramente, no potencial natural que esses seres humanos têm, independente da deficiência, diferença, limites ou mesmo da característica surda. Assim, como deve ser construindo e oferecido ao aluno com surdez o Atendimento Educacional Especializado, por meio da Politica Nacional de Educação Especial na Perspectiva Inclusiva, disponibilizando serviços e recursos que atendam as diferenças desses alunos nos três momentos didático-pedagógicos: Atendimento Educacional Especializado em Libras; Atendimento Educacional Especializado de Libras; e o atendimento Educacional Especializado para o ensino de Língua Portuguesa, Damázio, (2007). O AEE nos três momentos didático tem como objetivo beneficiar, com ambientes inclusivos de aprendizagem nas escolas comuns, os alunos com surdez, pois a Língua de Sinais é uma alternativa que possibilita a integração entre o professor/a e o/a aluno/a com surdez e os processos de ensino e aprendizagem, onde a linguagem utilizada pelos ouvintes comuns é a oral; a usada pelas pessoas comsurdez é a libras. Só assim acontecerá a verdadeira inclusão dessas pessoas.

REFERÊNCIAS

DAMÁZIO, Mirlene F. M., ALVES, Carla B, FERREIRA, Josimário de P. Atendimento Educacional Especializado: Abordagem Bilíngue para Pessoas com Surdez. Fortaleza, UFC, 2010.p. 09-22.
DAMÁZIO, M. F. M.; ALVES, C. B. Atendimento Educacional Especializado do aluno com surdez. Capítulo 5, 6 e 7. São Paulo: Moderna, 2010.

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